domingo, 11 de março de 2018

Uma geração (quase) perdida


No mundo de hoje não é difícil se sentir deslocado. Com o crescimento da política do "não me importo" fica fácil perceber que algo muito errado aconteceu com as gerações mais jovens que hoje estão aí.

Confesso que por vezes me assusta o tamanho da individualidade alheia e da necessidade de inflar egos que vemos no mundo de hoje. Mais parece que tudo se tornou "aquilo com o que me importo pra mim" do que um mundo mesmo. Portanto, se você, assim como eu se sente meio deslocado por conta dessas mudanças sociais um tanto negativas, esse post é para você.

Uma das coisas mais notáveis é a "regra" do não me importo. Ta aí algo que eu não consigo exercer nem concordar. Fico pensando em qual o benefício que isso deve ter na vida de quem pratica e concluo o exposto acima: necessidade de ego, autoafirmação, individualidade exacerbada e até mesmo narcisismo (por que não?). Talvez outras "regras" dessa nova geração estejam embutidas na regra do não me importo. Parece mesmo que hoje em dia é legal ignorar, menosprezar, colocar o outro como menos, se fazer superior e etc. É uma regra em benefício exclusivamente próprio e bastante sem sentido. É a estranha regra do conquistar sem realmente tentar conquistar. E não nego que ela dê certo. Talvez isso seja o pior de tudo: pessoas que coadunam com isso.

Outro traço que me chama atenção dessa nova geração é a superficialidade das relações e o pouco valor do tempo. Parece que tudo precisa acontecer no momento e pronto. Não existe a ideia de perpetuar algo que não seja material. O valor dos valores se perdeu, o sentido dos mesmos foi esquecido, dando lugar a ideia de que tudo tem que ser meramente passageiro. Todas as relações, tirando as familiares, podem ser platônicas. Viver apenas o momento e pronto. Felizmente ou não fui obrigado a aprender a viver sem expectativas. Isso é bom e ruim. Pois, de um certo modo, ter expectativa é esperar e esperar vem de esperança, portanto, é triste dizer que não se tem expectativa, que em algum ponto a esperança, principalmente nas pessoas, se perdeu. Porém é um modo de vida que auto poupa futuros enganos. É, na verdade, mais seguro. A gente deveria mesmo é ir e quebrar a cara, mas não conseguimos. Precisamos da falta de esperança pra viver, pois almejamos por aquilo ou alguém que se encaixe exatamente nos nossos moldes para preencher essa esperança. E isso é triste, pois pode se tornar uma espera longa, uma espera que talvez nunca chegue.

Esse é o terceiro ponto. A geração que não aprendeu a esperar, em todos os sentidos. Que tudo quer na hora, que tudo precisa agora e que não enxerga o próprio futuro mais, pois não consegue enxergar além de si. É um ciclo de conceitos que se auto interligam. De uma forma meio bizarra, essa geração é a que gosta de machucar, mas também a que aprendeu a se defender, pois no fundo sabe o quanto negativo é aquilo que pratica. Isso pode ser um tanto confuso, mas não difícil de entender. Parando para pensar, os três estão interligados e não tem como estarem separados. Tais conceitos se completam por si.

A conclusão é que vivemos numa sociedade triste. Emocionalmente pobre e egocêntrica. Principalmente as gerações mais jovens. Por um lado evoluíram em alguns quesitos, mas regrediram em outros. Talvez por essas razões eu passei a me sentir ponte, devido a rapidez de como tudo ocorre na vida de hoje, até nas relações humanas. Ou talvez não, pode ser mero carma divino, a cruz que todo mundo precisa carregar.