sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O 4° poder: a mídia.



Muito se fala e muito se acontece. Posse de um homem no mínimo duvidoso para presidir o Senado, carnavais que correram soltos Brasil afora, mas talvez agora a vida comece no país.
Ainda sou daqueles que sente o ano chegar só depois de fevereiro. E, de certa forma, não estaria 100% errado.

Vimos um ano de eleição passar e acompanhamos, de novo, a mesma linha do pensar e agir do brasileiro. Eu sempre sinto certa esperança e fico no puro achismo de que outros, talvez mais conscientizados socialmente, não se ponham somente a criticar, mas, bem como, a dar vida a uma práxis um tanto falida na seara da mudança social.

Vimos (o que novidade não é) que tais poderes e suas respectivas presidências são consequências de escolhas pautadas em uma certa alienação já bem alimentada não só pela mídia, mas corroborada pelo "Estado". O interesse de que não haja posição contestadora por conta da massa contribuinte é um tanto válida na esteira do pensamento coronéico brasileiro.

Porém, tal diálogo se torna um tanto inútil sem deixar de mencionar um dos quatro poderes do Brasil: a imprensa. A mesma que, convenientemente horroriza quando bem quer, é também aquela que injeta doses cavalares de banalização do tudo, e torna a vida um tanto supérflua, onde tudo vira piada, chacota, etc.

Sim, essa posição é ruim. O pensamento disseminado entre as massas seguidas pela caixa (tv) que todo brasileiro se orgulha de ter em casa (principalmente em grandes polegadas e feita de plasma), infelizmente forma opiniões e até determina valores morais numa sociedade perdida pelo descaso e falta de compromisso do, novamente entre aspas, "Estado". Uma sociedade sobrepujada de consumismo, que compra, assiste, dorme e trabalha.

Vi dia desses um depoimento do ator Wagner Moura, onde conta um episodio ocorrido com ele e o famigerado Pânico Na TV. Não digo que eu seja pautado pelo ator como formador de opinião, porém são perceptíveis muitos dos argumentos usados por ele, pondo em xeque o próprio trabalho que deveria ser jornalístico, mas geralmente serve pra alimentar ilusões nos lares brasileiros. E ainda vemos estes mesmos que autodenominam imprensa, muitas vezes bradar pela chamada liberdade de imprensa, quando nem mesmo representam o papel que esta deveria cumprir. Não, a imprensa não cumpre fielmente seu papel, pois está também inclusa na seara política. E esse talvez seja um dos maiores desastres dos últimos tempos: tudo se tornou político demais. Os comportamentos exibidos por senhores de terno e gravata (vossas excelências da vida), que de dois em dois anos se põem a juntar-se a plebe para angariar votos, estendem-se a outros ramos, áreas, e tudo no final se torna um grande jogo de interesses. A isso, damos o nome de Brasil.

E como já costumo dizer, a crítica pela crítica nada faz. A reflexão sem ação te torna um sujeito consciente. E ponto. Ter a consciência de agir para determinar outros rumos à vida ou enxergar que certos valores devem ser preservados, é o primeiro passo para que algo dê certo. Não me ponho num papel de cobrar tal posição. Sou sociedade, também faço parte. Não concordando, penso e ajo. E como gostaria que todos compreendessem a lógica do fazer.

Por isso digo que o Brasil é um país 50 x 50. Metade é responsabilidade dos que já galgaram degraus até o Poder Público e lá estão, e a outra metade é daqueles que botam esses senhores lá. Muitas vezes esses que tem a responsabilidade de construir degraus pra que estes senhores, famintos pelo poder público, cheguem lá, também se põem a entrar na brincadeira e construir sua própria escada, chegando, se não em altos cargos, próximo a eles. E é aí que o jogo da politicagem começa, onde tudo pode ser feito sem que jamais seja contestado ou pensado por parte dos que formam nossa sociedade. Onde toda atrocidade vira "normal".

A inércia do brasileiro é um câncer que tem cura, mas que dá muita preguiça ao paciente querer tratá-lo. Carnavais, copas e olimpíadas da vida, servem como pano de fundo para desvirtuar a atenção de todos os absurdos que ocorrem, muitas das vezes, nas portas de suas casas, além de encher muitos bolsos Rio de Janeiro a fora.
Como bem criada a expressão pelo poeta Juvenal, segue a política do panem et circenses. E não muito diferente do que era feito no império romano, no Brasil a mídia se incumbe de disseminar os Big Brothers da vida para "entreter" com banhos de "cultura" nossa sociedade. Frases de Pedro Bial (geralmente pobres e demagogas) ditas a milhões como se fossem injeções culturais. Observações sobre um programa que visa somente exercitar a (pouca) moral do telespectador e seus juízos de valores, sem que nada acrescente. Observar os outros e esquecer de si. Triste... Não há que se falar em nível, pois não é possível que se meça este em um programa como tal. E lá, são jogados à sociedade com o nome de heróis. Triste e bizarro.

BBB, Panico na TV, TV Fama e outras opções tão instrutivas que a mídia aberta oferece, são também responsáveis por continuar o giro da máquina alienatória, da alienação em massa que é feita em larga escala. Isso, juntado a um empobrecimento e desvalorização frequente no mercado de trabalho em várias profissões, fazendo de fato maior parte da população como burro de carga, se torna um desastre. Cursos universitários praticamente vendidos por instituições que mal se dignam de oferecer professores qualificados. Ensino médio e fundamental público com sistemas onde não há reprovação, tratando aquele que estuda como um "problema" passageiro para o "Estado". Mas esses são assuntos pra outro post.

No mais, nos contentemos (não este que vos escreve) em observar como esse processo de empobrecimento cultural e populismo exacerbado segue firme, carregando multidões consigo e pormenorizando qualquer tipo de valor ético, moral ou social que devesse haver em uma sociedade.

O Brasil ainda não é um país de fato, é um país de direito. É mais como um projeto de país.
Um dia, quem sabe, se chega lá.