sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pra "boi dormir" ou "inglês ver."



Mais um período vem aí. Mais uma época de eleições municipais. Os candidatos mudam, ou não, mas grande parcela da população permanece a mesma. Mesma no sentido de ser a mesma, não de estar. E ser a mesma no sentido de ter as mesmas atitudes.

Ok, não posso deixar de reconhecer que, mesmo tímida, há uma certa evolução no comportamento político do brasileiro. Este, pelo menos onde pude constatar, se mostra mais conscientizado e ciente de certos problemas. Porém, a velha política ainda impera.

Aquela que compra sua militância, que paga pra ser adorada, que tem um discurso publicitário de democracia, mas que se move pela demagogia. Os churrascos, favores, cargos em comissão e demais "benefícios", ainda são distribuídos aos montes. Tudo em troca de mais votos, mais pessoas que possam aderir a um projeto pra beneficiar poucos, fincado na conquista de um poder sujo que visa exaltar interesses privados daqueles (empresas de diversos ramos) que "ajudam" nessa "conquista", em troca de futuros favorecimentos, quando estas figuras "coronéicas" chegarem ao poder.

Vislumbra-se tal situação em diversos lugares de nosso país. Nossa democracia, que jamais democracia de fato, foi, parece mais decadente e corrompida do que há tempos não se via. Uma democracia que tem preço, literalmente, mas que não corresponde ao valor pago.

Compra de votos é algo comum e sabido. Porém, não se pode deixar de ressaltar a grande parcela de responsabilidade da sociedade nesse processo paranoico da política. Quase todo brasileiro é muito ágil em tecer críticas (como este que vos escreve) a toda problemática deste meio sujo da política nacional e o que os detentores de cargos eletivos fazem com seus mandatos. De uma perspicácia incrível, o brasileiro tem a capacidade de enxergar as verdades mais esdrúxulas de todas as vossas excelências, mas também tem uma capacidade de anuir, quando lhes convém (não mais incluam esse que vos escreve), com todas as práticas que teoricamente condena. Pior: ainda existem aqueles que criticam, entubam toda a classe política no mesmo saco, bradam por democracia, mas dizem votar sempre nulo sem sequer procurar saber sobre candidatos, propostas, ideias e todas as coisas que tanto dizem ser escassas.
Há ainda aqueles que partilham de práticas de vandalismo, com materiais físicos de propaganda política, achando, em suas restritas mentes, que estariam fazendo algum bem ou mesmo contribuindo com a sociedade. Pois não estão.

No meio dessa miscelânea, a democracia ficou perdida. No meio dos hipócritas/críticos/pseudo-intelectuais/revoltados de shopping centers, ela não sabe mais onde se achar. Não há valor ou mesmo princípios que possam manter alguma democracia neste meio bagunçado. Não há com quem caminhar para uma real solução que ela possa agir e se fazer de fato, democrática, salvo raríssimas exceções.
Todos culpam o Estado, mas esquecem que fazem parte dele. Como se diz no popular, sabem muito bem ser pedra, mas esquecem que também são vidro. Todos são ótimos entendedores dos problemas do Brasil e todos têm as soluções mágicas, mas, ninguém quer por a mão na massa. É a velha ladainha do "resolve aí", coisa que o brasileiro entende muito bem.

A lei é válida, mas pra mim, a meu favor. E clamo pelo direito do contraditório quando a lei vem contra mim. "Democratas" hipócritas.

E nisso, mais detentores de poder se definirão, fazendo jus às práticas mais sujas, comprando, corrompendo e atropelando qualquer tipo de valor ético para alcançar o primeiro lugar do pódio. Serão mais quatro anos de reclamações, indignações e, depois disso, os problemas sumirão, todos tentarão se beneficiar novamente e o novo ciclo de má gestão, legislaturas, corrupção e afins, começará, pra que todo brasileiro possa exercer seu direito de crítica e se fazer valer de um falso moralismo, enfiado goela abaixo em suas mentes por um Estado que não pensa mais em ser Estado, mas sim um grande balcão de negócios, onde se fazem copas, olimpíadas e onde se deixa os direitos mais básicos a míngua, pondo a pá de cal naquilo que se chama de dignidade da pessoa humana.

Uma grande ditadura se dará início, novamente, e nós assistiremos todas as ações de um povo que se vende por pouco e políticos que se valem de explorar a miséria alheia pra conquista de um poder falso, entrar em ação.

Há solução? Há. Esta solução é pensar. Quando isso começar a ser feito, talvez tenhamos uma mudança real.
Revolução se faz de baixo pra cima. Se quisermos que algo mude, cabe a nós, primeiramente, começar a mudar.