Esse Jair mesmo, esse que governa o país. Talvez o título
soe, para alguns, meio anacrônico. Talvez você tenha pensado que o correto
seria 1964. Porém, não.
O Presidente que temos hoje não é aquele deputado revoltado,
que brada discursos de ódio, etc. O que temos é aquele militar, capitão, preso
quando escreveu em uma seção da revista Veja, reclamando de baixos salários.
Aquele militar que ajudou a organizar a operação Beco Sem Saída, que consistia
em explodir bombas em banheiros de um quartel, o que culminou em sua condenação
pelo Conselho de Justiça Militar.
Sim, Jair ainda é esse oficial revoltado, que nas palavras
de seus superiores á época, tinha uma "excessiva ambição em realizar-se
financeira e economicamente".
Jair não progrediu, tentou buscar na política uma saída para
corrigir aquilo que julgava como injustiça contra si. Jair crê, ainda, que
comunistas programavam tomar o poder no Brasil em meados dos anos 60. Ele ainda
está, na cabeça dele, combatendo esses tais comunistas.
Jair vê como perseguição todo o aparato legal o qual seus
filhos e ele tem suspeitas de infringir. Vê como perseguição quem fiscaliza
esquemas de rachadinha, repasse de verbas de comissionados e todos esses
esquemas já conhecidos de deputados do chamado “baixo clero”. Todo e qualquer movimento
a fim de corrigir as infrações de Jair à lei, ele chama de perseguição, de
comunistas querendo pegá-lo, tomar o poder, etc.
E isso é o pior de tudo. Caso tudo isso fosse jogo político,
não seria tão ruim. Veríamos alguém se adequando e trocando o disco certas vezes, para permanecer no jogo, como o Lula que diz frases desastrosas, mas “se
desculpa”, pois sabe que isto o mantém em voga. Jair, não. Jair crê,
convictamente, em tudo aquilo que elencou como verdade. Em tudo aquilo que elege
como verdade, mesmo que não seja.
Estamos à deriva, nas mãos de um capitão conspiracionista, que
precisa constantemente de um inimigo para combater, pois perdeu a batalha
contra o Exército em 1988. Foi obrigado a engolir a seco o fato de que estava
atentando contra a lei na busca por ser uma autoridade, pelo poder puro e simples, conforme descrito pelo coronel Carlos Pellegrino de que
ele "tinha permanentemente a intenção de liderar os oficiais subalternos,
no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a
seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na
apresentação de seus argumentos". A partir daí, Jair permaneceu a mesma
pessoa que é hoje.
Esse é nosso maior perigo. Alguém que está disposto a tudo, inclusive a desrespeitar a Constituição, como o faz corriqueiramente, para sobrepor aquilo que acredita, pois acredita com todo afinco, para impor aquilo que crê como sendo verdade. Aquilo que na prática, não existiu na época, menos ainda existe hoje.
Excelente reflexão.
ResponderExcluirMuito obrigado
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