quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Pra ficar legal!"





Sim, eu tinha que escrever sobre isso. Depois de ver o "protesto" de hoje, foi mais que necessário dedicar um post só pro assunto.

Não me indigna o governador brigar pelos royalties, apesar de eu achar justa uma divisão para os estados que precisem, não para estados como São Paulo, os estados do sul, etc. Mas sim para os do norte e nordeste.

O que me deixa de fato 'embasbacado', devido a tamanha cara-de-pau de nossos governantes, é a hipocrisia gritante em seus atos e explícitos intere$$es quando estão lá, gozando de fé pública e ajudando a perpetuar um Estado indigno, incerto, inculto e alienado, fazendo uso destes adjetivos quando os interessam.

Há uma perda prevista de 3 bilhões de reais para o estado do Rio de Janeiro, se houver divisão dos royalties. Portanto, cabe a nós (sociedade), ou pelo menos deveria ser assim, questionarmos por que um estado com tantos recursos financeiros ainda se limita a ter apenas um município (Niterói) com mais de 90% das residências com saneamento básico. Qual o motivo de não se conseguir solucionar o problema da segurança pública? Falta de verba?

Hoje cofesso que deixei a técnica de lado apenas para desabafar, pois é afrontoso ver um governo que protai negociações de salários de servidores da educação, saúde e encarcera bombeiros que protestam por uma melhor remuneração (sem entrarmos no mérito de tais questões), convocar a população para tomar parte em sua luta por um dinheiro que provavelmente nunca será aplicado em prol desta.
Tive o desprazer de passar por este "protesto" e o que vi foram trios elétricos enormes, tocando a música mais popularesca e chula (como o 'funk'), numa espécie de chamado, para que a população ali também estivesse, sendo que 90% dos que ali estavam, mal sabiam do que se tratava.
Guardas municipais apreendem todo dia camelôs nas avenidas da cidade do Rio de Janeiro. Porém, hoje, no tal "protesto", os ambulantes desfilavam em frente a guarda municipal, sem que esta algo fizesse. Vale tudo pra ganhar o jogo do poder. Não há lei, determinação judicial ou qualquer outro tipo de norma que impeça. Há apenas uma coisa: política.

Neste ponto, La Salle estava certo. Em certos momentos possuimos uma constituição real e uma abstrata. Vê-se claramente a não aplicação de normas e o intere$$e se sobrepondo ao estado de direito.

O mais triste de tudo, é a população, controlada por uma mídia de alienação em massa, comparecem a tais eventos, defendem partidos que não sabem da 'missa a metade', convencidos, sem motivo algum, que fazem algo pelo país, pelo povo, pelo interesse público. Enganam-se, pois no fundo, sabem que estão ali pela cerveja e para balançarem seus corpos com a música provida. Vi crianças e pessoas visivelmente de classes humildes, que seguravam a bandeira do PT. Como ocorre nas eleições, foram pagas pra fazer aquilo, sem ter ideologia ou qualquer outro valor moral que as motivem a praticar tais atos, sem ideia do porquê de toda a balbúrdia ou se é certo ou não estarem lá.

Trsite é ver que estas mesmas pessoas se movem apenas com o chamado dos governantes, que as causas sociais mais importantes são aclamadas por nós, classe média/classe média alta, ou a classe dominante que tem um pouco de consciência do país em que vive. Mas a maioria esmagadora de nossa população, ou seja, a população de baixa renda, se deixa levar pelos ditames do governo, pela manipulação que mal fazem ideia fazerem parte, pois são peças de um enorme quebra-cabeça, sem ao menos saberem que fazem parte do jogo.

Culpa? Não há que se falar em culpa da população, há sim que se falar em descompromisso com outras causas de importância. Ou será que todos funcionam a base de festa? Bem provável. Culpa é quando não existe consciêcia plena do resultado que possa ocorrer, caso haja tal omissão. Mas a população brasileira sabe muito bem o que acontece em torno dela e não age por preguiça, porque não ganha nada agindo em prol de causas que não lhe são inerentes.
Como fazer um protesto funcionar sem ponto facultativo? Sem promover eventos com música, bebidas, etc? Difícil... somente os governantes têm esse "poder", os que querem protestar, sempre serão vistos pela maioria como loucos, errados ou até mesmo uma afronta contra a podridão que senta nas cadeiras do Executivo e Legislativo, "atrapalhando" o dia-a-dia do trabalhador, tão honesto e moral, mas que enxerga tais protestos com outros olhos, que vê seus deputados aumentarem seus salários e o governo gastar mais de 1 milhão com cada senador por mês, sem contestar o valor do salário mínimo que ganha.

Uma definição para nossa sociedade: inerte.
Como se costuma dizer no popular, cada povo tem o governo que merece.

Sem mais.